“Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.”(eclesiastes 3:2-7)
Os versículos acima citados referem-se a paradoxos aos quais estamos submetidos a parir do momento em que vivemos. Paradoxos como morte e vida, derribar e edificar, rir e chorar, prantear e dançar, falar e calar-se, amor e odiar, guerra e paz e outros. Todos esses paradoxos são comuns à vida de qualquer ser humano. É como se fosse o preço de viver. Todos nós a partir do momento em que, automaticamente já estão em paradoxo com a morte que mais dia menos dia virá. A partir daí, conforme crescemos, já estamos em outro paradoxo entre sermos pequenos em estatura e grande em estatura e assim por diante durante toda nossa vida lidamos com paradoxos como fome e saciez, frio e calor, dor e alívio, tristeza e alegria, e etc. Nesta mensagem, dentre muitos paradoxos que existem, darei uma importância especial àqueles que atualmente são temas de muita reflexão entre os cristãos: carne e espírito legalismo e liberdade cristã. Dessa forma, apresentarei os problemas gerados por esses assunto e uma possível solução para todos eles:
I Carne x espírito.
“Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” (Gálatas 5:17)
Não é novidade para o crente saber que o espírito luta contra a carne, mais até que ponto vai essa luta? Será que é devemos deixar de sermos carnais para sermos totalmente espirituais? Por que é que existe esta oposição? E em quais termos dessa luta, a palavra de Deus mostra-se contra ou a favor?
A luta entre carne e espírito tem como um objetivo principal a dominância sobre o intelecto humano. Essa dominância é visada por o diabo que utiliza de elementos como o mundo e a carne para conseguir.
“Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar”(I pedro5:8).
O espírito tenta resistir e para isso ele se apega a palavra de Deus que o alimenta e o mantém forte contra todos os ataques da carne, induzida pelo diabo. Nessa luta, muitas vezes ficamos confusos e deixamos de praticar coisas de natureza carnal que são lícitas, por receio de cairmos numa dessas armadilhas do diabo afinal a nossa concepção de guerra é que existem dois lados que se opõem e tudo. Um exemplo disso é a guerra santa que existe há mais de sessenta anos no oriente médio, onde muitas vezes algumas coisas são consideradas abominação para uns, simplesmente pelo fato de ser característico do inimigo, ou seja, é como se tudo aquilo que vem do inimigo fosse de natureza abominável. Certamente se fossemos inimigos da carne poderíamos também considerar abominação tudo aquilo que fosse carnal e assim deixaríamos de ser carnais, pois isso seria uma atitude correta em meio à guerra, mas a bíblia diz:
“pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.” (Efésios 6:12).
Então o nosso inimigo não é a carne, ou seja, não é necessário deixarmos de ser carnais para não cairmos em armadilhas do diabo. Até por que necessitamos de coisas carnais para mantermos o equilíbrio nas nossas vidas. É interessante observarmos que essa referencia que eu faço a “coisas carnais” não são as obras da carne citadas na bíblia:
“a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas.” (Gálatas 5:20-21)
Até porque, diferentemente do que muitos pensam, nós não necessitamos desse tipo de obras da carne para vivermos. Mas as “coisas carnais” as quais eu me refiro são necessidades como alimentação, bem-estar físico, descanso, atividade física, diversão e outras. É aí onde entra a necessidade de estabelecermos um equilíbrio no que se refere a praticar tais atividades, pois a alimentar-se é lícito, porém a gula que é a alimentação em exagero é pecado. Portanto, não existe uma regra geral que diga tudo que é da carne é pecado ou vice versa. O que devemos fazer é procurar ser consciente de que necessitamos ser equilibrados.
II Legalismo e liberdade
É um tanto quanto complicado falar desse paradoxo, uma vez que ele é o causador de muitas dissensões entre irmão na igreja não só nos dias atuais como também na igreja primitiva. Eu mesmo reconheço que pregações que dão ênfase à liberdade não podem ser pregada em público, pois sempre haverá pessoas que por pouco entendimento acabará tropeçando na teologia da liberdade cristã. Da mesma forma pregações que dão muita ênfase ao juízo divino também não podem. Por que sempre haverá alguém na multidão que endurecerá o seu coração diante disso. Portanto que as nossas pregações sejam equilibradas, afinal estamos lidando com paradoxos e como todo paradoxo da vida, se nós se apegarmos à apenas uma parte das duas opções que se divergem, corremos o risco de quebrar o equilíbrio fundamental que já fora citado.
“sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gálatas 2:16).
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.”
(I Co10:23)
Diante desses dois versículos surge o seguinte questionamento: o que constitui o legalismo dentro da igreja? E o que constitui a liberdade dentro da igreja? Você é legalista ou é liberalista?
Amados, no momento em que levamos esses paradoxos para o lado do partidarismo, nós estamos cometendo um erro muito grande, pois se observarmos existe erros tanto no legalismo quanto na liberdade. É o que eu vos apresentarei a seguir:
A. O erro do legalismo
O legalismo é o erro que e prende a consciência e sufoca a liberdade cristã. Podemos definir o termo legalista como sendo aquela pessoa que procura viver por força de lei ou por observância rigorosa aos preceitos da lei, mas não propriamente da lei de Deus, e sim das muitas leis que ele mesmo cria para si, crendo que expressam a vontade de Deus para sua vida. Desta forma, o legalista é aquele que crê ter encontrado na Bíblia mandamentos, claros ou não, que proíbam de passear no shopping, jogar bola, etc. o legalista é o responsável direto pelo fato de o cristianismo ser visto, por muitos incrédulos, como uma religião meramente proibitiva, carente de alegria e de vida.
O erro do legalista é claro. Aquele que proíbe o que Deus permite, mais cedo ou mais tarde, acabará permitindo o que Deus proíbe. A explicação para esse fenômeno é simples. Em virtude de seu escrúpulo proibitivo, o legalista acaba criando uma série interminável de mandamentos humanos que ele se esforça em cumprir à risca ( não use essa cor, não gaste dessa forma, e assim por diante), e com isso ele acaba negligenciando a lei de Deus. Aquele que se esforça para dar ares de religiosidade em tudo àquilo que o rodeia se esquece com muita facilidade que o pecado não está somente fora dele, mas também dentro dele, dentro de seu coração. À luz dessas considerações não é de admirar que os fariseus, que eram extremamente legalistas, tenham sido considerados por Jesus como guias cegos, que coam o mosquito e engolem o camelo (Mt 23.24), semelhantes a sepulcros caiados:
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, pois sois semelhantes aos sepulcros caiados...” (Mt 23.27-28).
O cristão não precisa ir além das Escrituras para agradar ao seu Senhor. Aliás, não deve. Basta que procure cumpri-la da forma em que foi dada por Deus.
B. O Erro da Permissividade
O segundo erro é o liberalismo ético, que também pode ser chamado de erro da permissividade. Esse erro é contrário do legalismo. Se, por um lado, o legalista entende que tudo é proibido, por outro lado o liberal entende que nada é proibido, e por isso se entrega a todos os prazeres desta vida, inclusive os ilícitos. Esse erro já existia nos tempos de Paulo:
“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”
(Gl 5.13-14),
É por não encontrar limites para sua postura ética que muitos cristãos acabam se entregando a todo tipo de concupiscência. Os limites bíblicos existem e devem ser observados com zelo. a enumeração desses limites foge ao objetivo desse estudo, mas o limite principal, que engloba todos os outros, é: Viver para a glória de Deus. O liberal erra ao enxergar a liberdade cristã como algo totalmente isenta de limites, transformado-a em pura libertinagem. Isso se torna algo completamente fora dos limites, uma vez que até para exercermos a nossa liberdade nós temos que observar se ela não prejudica o nosso próximo:
“Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos.” (I Cor 8:9).
Para exercermos de forma bíblica a liberdade cristã faz-se necessário que sejamos sóbrios, equilibrados:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.1-2).